10 de novembro de 2008

"Silêncio Ensurdecedor"

O ruído habitual, de repente, como que por artes mágicas, desapareceu. Sem qualquer explicação lógica os sons simplesmente deixaram de existir.
Quando isto acontece, implicitamente, todos desconfiamos que algo aconteceu.
Hoje vivi um desses momentos. Como habitualmente, cheguei ao local de trabalho e disse os bons dias da praxe. Passado uns momentos, estranhamente, ou nem por isso, instalou-se o silêncio. Um daqueles comprometidos que não augurava nada de bom.
Fiquei na expectativa. Seria um silêncio à priori ou à posteriori?
Um presságio de algo que está prestes a acontecer, ou, pior do que isso, algo já aconteceu e ilusoriamente espera-se que, mantendo o silêncio, a situação não seja real. Pessoalmente não sei qual a pior das hipóteses.
Estava eu nesta curiosidade, um pouco mórbida confesso, tentei fazer conversa e... nada, ninguém estava disposto a quebrar a "lei da rolha". Parecíamos uma empresa de surdos-mudos. Nem os telefones tocavam, o corredor, as salas e até a rua pareciam estar todos unidos num protesto mudo, uma qualquer aliança silenciosa. Nestas ocasiões, não sei porquê, silêncio atrai silêncio e aparentemente eu era o único ser com o dom da fala. Até dentro da minha cabeça, o silêncio começava a ecoar de forma ensurdecedora.
Esta ausência de som persistiu, teimosamente, durante algumas horas.
Perto da hora de almoço, finalmente, o telemóvel tocou. Uma pessoa amiga deu-me um toque, mas quando tentei retribuir a chamada… do outro lado, uma voz informou-me: "de momento não é possível estabelecer a ligação". Nova tentativa... mais do mesmo. Um telefonema para outro número, o mesmo resultado. Novas tentativas e nada.
Seria uma conspiração contra o som?

Afinal o mistério era fácil de resolver e o silêncio "tinha" uma razão para existir.
Esqueceram-se de pagar a conta dos telemóveis!

Parafraseando um "grande sábio", o Neurónio vai quebrar o silêncio:
"É uma situação perfeitamente normal!" - Artur Jorge

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