6 de maio de 2008

Demência Tortuosa



Acho que já vos tinha dito que trabalho num manicómio.
Se ainda não vos disse, aproveito a ocasião - eu trabalho num manicómio!
A loucura do dia a dia, é digna...
Bem, a dignidade não é para aqui chamada.
É um conceito que não se aplica no local onde trabalho.
Portanto, nova tentativa.
Neste caso, a loucura do dia a dia é uma doença contagiosa que eu tento a qualquer preço... Qualquer preço??? Também não saiu bem.
Há coisas que não têm preço e a dignidade é uma delas.
Continuando,
...que eu tento a todo o custo (e ninguém imagina o quanto custa) não apanhar.
Um pouco de loucura faz bem a qualquer alma. Loucura parva, nem por isso.
Penso que ainda não aparvoei, de vez, ainda continuo imune. Contágio, até hoje, só por algumas constipações, nem o sarampo quis nada comigo.
Mas nunca se sabe, é sempre melhor prevenir...
O manicómio foi atingido por um surto de estupidez aguda e o melhor será obrigar-me a ficar de quarentena, até porque a vacinação já não adianta.
Como se costuma dizer “cada maluco com as suas manias”, o que acho muito bem, a chatice maior é quando a demência dos outros nos afecta directamente.
Nos últimos tempos tem acontecido constantemente.
As situações doentias acontecem umas atrás das outras, nem dá tempo para respirar. E, adivinhem... cada situação é mais estúpida que a anterior.
Não me dou bem com a estupidez, aquela que está convencida que é inteligente, o caso piora quando sacodem a água do capote com desculpas esfarrapadas.
São loucos, sim. Só pode ser essa a explicação.
Há alturas que, dentro da desgraça, consigo achar-lhes piada, mas a maior parte do tempo é o verbo suportar conjugado em todos os seus tempos verbais.
Adultos com birrinhas e devaneios histéricos não fazem o meu género, não tenho paciência. Nos piores momentos, a loucura é de tal ordem, por mais que me esforce não consigo encaixar as peças. Qualquer que seja o ponto de vista pelo qual tente abordar a questão: Não percebo!
Por vezes, chego a duvidar de mim, acho que já nem consigo pensar.
Se a maioria acha tudo perfeitamente normal, eu é que devo estar a ficar completamente avariado. Sim, sou eu o louco da história.
No entanto, tenho de vos avisar, pelos meus padrões de loucura:
- Quero que tudo isso se foda!
Desde que não interfiram na minha quarentena, por mim pode durar eternamente, deixem-me em paz que o mundo continuará a girar normalmente.
Estive a reler o que escrevi atrás.
Este post só pode ser um reflexo do meu estado de insanidade.
Este blog está a tornar-se uma espécie de divã de psicanalista, um local onde, ao final do dia, registo e exorcizo as minhas “neuroses”. Onde despejo os estados de alma, libertando o cansaço, o tédio, a raiva, a revolta ou qualquer outra coisa sem nome, desabafo, brinco, fico contente e triste, solto o humor ou a falta dele.
Aqui faça chuva ou faça sol sou louco à minha maneira.

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