28 de abril de 2008

25 de Abril



A cada ano que passa celebramos o 25 de Abril de 1974.
Já lá vão 34 anos de democracia, tempo suficiente para que muitos se tenham esquecido. Nos discursos, de hoje, as palavras tornaram-se, para muitos, somente palavras de circunstância, um mero acto comemorativo cujo significado se vai diluindo no esquecimento.
O nosso Presidente, o Sr. Silva, encomendou um estudo e, no seu discurso à nação, "explicou-nos" que está preocupado com os resultados. Disse-nos, o que todos já sabíamos, que os jovens não sabem nem querem saber da política, que para as novas gerações o 25 de Abril é mais um feriado, uma data no calendário.
Se hoje já é assim, no futuro, quando desaparecerem as últimas gerações que a viveram ou para quem ela significa alguma coisa, a sua real importância será apenas uma memória longínqua, o passado.
O Sr. Silva que se diz preocupado com a situação, é o mesmo Sr. Silva que se apresenta nas comemorações sem o cravo vermelho.
Preocupado? Preocupados andamos eu e a maioria dos portugueses.
Preocupados com, a situação económica, a precariedade do trabalho, a falta de transparência, os jogos de interesses, os exemplos vindos da classe politica e os privilégios que garantem para beneficio próprio. Preocupados com os valores, ou falta deles, que regem a Nação. E já agora, à conta de tanta Europa, preocupados, com a destruição da nossa identidade nacional.
Ainda e sempre, preocupados, com qualquer eventual perda ou redução dos nossos direitos e liberdades individuais.
Pessoalmente consigo imaginar-me na pele das novas gerações. Nasceram em democracia, se não lhes conseguimos transmitir o seu valor, não me admiro de elas não terem as mesmas preocupações que a minha ou as anteriores.
Explicar o significado de LIBERDADE a quem nunca viveu sem ela, é uma tarefa difícil, senão impossível. Quem nasceu com todas elas e sempre se achou no direito de ser livre, será que entende o que ela significa?
A memória dos homens é curta, mas a memória colectiva de um povo não o pode ser. Temos de saber transmitir a real importância do 25 de Abril, igual à que atribuímos ao 1 de Dezembro de 1640 ou ao 5 de Outubro, seja de 1143 ou de 1910. É certo que também não lhe atribuímos a que realmente merecem.
Sem elas quem seríamos nós?
(Quando oiço alguém dizer que seria melhor sermos espanhóis ou ter uma monarquia dá-me vontade de vomitar. Nesse caso, por que não fazermos parte do Império Romano, ou, para unir a Europa, a Alemanha ter vencido a 2ª guerra Mundial.)

A memória daquilo que alguém fez, por todos nós, e que nos permitiu ser aquilo que hoje somos, seja como povo e/ou individualmente, deve perdurar para sempre. Deve fazer parte do nosso código genético e como tal ser transmitida às novas gerações.

Sem comentários: