10 de dezembro de 2008

Erva do Diabo

"A erva-do-diabo tem quatro cabeças; a raiz, a haste e as folhas, as flores e as sementes. Cada qual é diferente, e quem a tornar sua aliada tem de aprender a respeito delas nessa ordem. A cabeça mais importante está nas raízes. O poder da erva-do-diabo é conquistado por meio de suas raízes. A haste e as folhas são a cabeça que cura as moléstias; usada direito, essa cabeça é uma dádiva para a humanidade. A terceira cabeça fica nas flores, e é usada para tornar as pessoas malucas ou para fazê-las obedientes, ou para matá-las. O homem que tem a erva por aliada nunca absorve as flores, nem mesmo a haste e as folhas, a não ser no caso de ele mesmo estar doente; mas as raízes e as sementes são sempre absorvidas; especialmente as sementes, que são a quarta cabeça da erva-do-diabo e a mais poderosa das quatro".
Palavras de Dom Juan em "A Erva do Diabo".

O livro, "A Erva do Diabo" de Carlos Castaneda, é um estudo sobre o uso de plantas medicinais pelos índios Yaqui - Sonora México (pesquisa antropológica para a sua tese de mestrado na Universidade da Califórnia). O autor relata-nos as suas experiências com plantas alucinogénias, enquanto aprendiz de Dom Juan, que lhe permitiram entrar noutras dimensões da realidade. O seu contacto com o restrito mundo dos xamãs mostra-nos que o conhecimento não tem limites e que a sua procura é uma tarefa que nunca se pode dar por concluída.
As diferenças, de valores e conhecimentos, entre a cultura indígena e a civilização ocidental são abissais e, como tal, não devemos fazer avaliações tendo por base dogmas pré-estabelecidos.

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