13 de fevereiro de 2008

Calcanhar de Aquiles



Quando olhas o espelho e a dúvida te assalta
Surge Aquiles e avisa – em ti algo falta
Interrogas o mundo, a verdade escondida
Não entendes porquê, não encontras saída
A resposta é miragem num infinito deserto
É o pensamento prisioneiro na teia do incerto

Quando dás um passo e a insegurança te ataca
Vem Aquiles e avisa – atenção à ressaca
Avanças hesitante, a confiança mutilada
Não percebes porquê, uma promessa adiada
A embriaguez de incerteza, o não avançar
É a vontade amarrada ao horror de falhar

Quando o medo te invade, a angústia se arrasta
E Aquiles avisa – é o teu Eu que se afasta
Evitas a luta, porque a julgas perdida
Não sabes porquê, uma falsa partida
A inércia nefasta rouba o brilho ao olhar
É a acção encalhada, a factura a pagar.

Se no mar que navegas nada faz sentido
E o esforço que fazes é um tempo perdido
Não acreditas em ti, és uma força à deriva
a convicção ausente, a motivação esquiva
São sonhos desfeitos de encontro ao vazio
Naufrágio mental, a esperança por um fio.

Se Aquiles te avisa, não deves hesitar,
Ponto fraco no pé. Pé – Calcanhar
A lógica é estranha, quando o Aquiles te avisa
Calcanhar – Ponto – Fraco – Ponto – Calcanhar
Se Aquiles te avisa, não esperes que aconteça
Calcanhar de Aquiles. O calcanhar na cabeça.

Sem comentários: