7 de setembro de 2007

Folha Cheia de Nada


Numa gaveta fechada,
como monge em convento,
repousa ela guardada
para meu desalento.
Uma folha cheia de nada,
à espera do meu invento,
de uma ideia iluminada,
de um filho do meu talento.
Talvez seja a folha errada,
ou quem sabe, se o momento,
mas vê-la ali trancada
é o que mais lamento.
Minha folha imaginada
não me sai do pensamento,
é que ela está destinada
ao poema que fermento.
Mas a gaveta foi violada,
por alguém ciumento,
manchou a minha amada
e abandonou-a no pavimento.
Já não quero a malvada,
e ainda acrescento,
que deve ser rasgada,
cortada de modo lento.
Depois disso, ser lançada,
um por um, cada fragmento,
no fogo para ser queimada.
E, por fim... dêem-na ao vento.

2 comentários:

CC disse...

Gostei imenso!
Tenho um poeta na almofada ao meu lado!

3Picuinhas disse...

Sim senhor temos poeta! Ateu, hippie, irónico, humorista e agora...poeta!